O ex-chefe da emissora britânica BBC disse na terça-feira (11) que estava orgulhoso do jornalismo da emissora, apesar de ter deixado o cargo após acusações de parcialidade e ameaças de processo judicial por parte do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
“Estou muito, muito orgulhoso dos nossos jornalistas neste prédio. Eles estão fazendo um trabalho que considero incrivelmente importante”, disse Tim Davie do lado de fora da sede da BBC em Londres, em seus primeiros comentários públicos desde que anunciou sua renúncia no domingo (9).
“Eles estão fazendo um trabalho maravilhoso”, afirmou ele.
O chefe de jornalismo da British Broadcasting Corporation (BBC), emissora financiada com recursos públicos, também renunciou, mergulhando a emissora em sua maior crise em décadas e dominando os noticiários britânicos.
Analistas afirmam que as demissões expuseram profundos atritos sobre governança e padrões editoriais, levantando dúvidas sobre se a BBC conseguirá manter a confiança do público.
Um memorando interno de um ex-conselheiro da BBC acusou a emissora de falhas editoriais em relação a Trump, à guerra entre Israel e o Hamas e à cobertura de questões transgênero.
“A BBC vai prosperar”
Mas Davie, que era diretor-geral desde 2020, tentou acalmar as preocupações sobre o futuro da emissora.
“A BBC vai prosperar, e eu apoio todos na equipe”, disse ele a caminho do escritório da emissora, onde deveria falar com os funcionários.
Trump ameaçou entrar com uma ação judicial devido à edição de um discurso que fez em 2021, no dia em que seus apoiadores invadiram o Capitólio.
O presidente da BBC, Samir Shah, pediu desculpas pelo “erro de julgamento” na edição incluída em um documentário do programa Panorama exibido pouco antes da eleição presidencial dos EUA em novembro de 2024.
O programa – produzido por terceiros – juntou declarações feitas com quase uma hora de intervalo, omitindo o apelo de Trump por protestos pacíficos, criando a impressão de que ele incitava a violência.
A BBC, fundada em 1922 e financiada em grande parte por uma taxa de licenciamento paga por todas as famílias proprietárias de televisores, encontra-se agora sem um líder permanente, enquanto enfrenta uma revisão do seu modelo de financiamento.
A atual autorização de 10 anos expira em 2027.
O primeiro-ministro Keir Starmer afirmou que a BBC não era “corrupta” nem “institucionalmente tendenciosa” e enfatizou a necessidade de manter altos padrões de qualidade.
Em carta aos legisladores britânicos, Shah também rejeitou as alegações de viés sistêmico, afirmando que pesquisas mostraram que os britânicos confiam mais na BBC News do que em qualquer outro veículo de comunicação.