
Secretaria de Saúde do Amapá investiga como um fungo infectou mais de 100 pacientes que se submeteram a cirurgias de catarata
O Ministério Público do Amapá (MP-AP) entrou com ação contra o governo estadual, o Centro de Promoção Humana Frei Daniel Samarate (Capuchinhos) e a empresa Saúde Link. O órgão pede que os três sejam responsabilizados pelo mutirão de catarata realizado em 2023, que deixou 17 pacientes cegos.
Na ação, o MP pede indenização mínima de R$ 9 milhões por danos morais e materiais coletivos. O órgão também solicita pensão vitalícia para os pacientes afetados. Ao todo, 141 pessoas passaram pelas cirurgias e foram atingidas por um surto de endoftalmite, infecção ocular grave.
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A instituição Capuchinhos disse que está em processo de conciliação com o MP. A Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) e a empresa Saúde Link foram procuradas pelo g1, mas não responderam até a última atualização desta reportagem.
O MP afirma que a fiscalização da Superintendência de Vigilância em Saúde (SVS) encontrou condições higiênicas inadequadas no mutirão. O fluxo de pacientes, o acolhimento e até as roupas usadas foram considerados impróprios.
No centro cirúrgico e na área de esterilização, os fiscais identificaram falhas graves no controle de infecção, aumentando o risco de contaminação hospitalar.
O MP também se baseia em relatório do Programa EpiSUS-Avançado, que analisou as 141 cirurgias. O documento concluiu que houve uma falha sistêmica, considerada evitável.
Segundo o relatório, houve várias violações que demonstram negligência e imprudência da empresa responsável e do centro filantrópico.
O Conselho Regional de Medicina do Amapá (CRM-AP) já havia apontado, em vistoria feita em 5 de julho de 2023, riscos em setores diretamente ligados à segurança dos pacientes.
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O programa Mais Visão é organizado pelo governo do Amapá há três anos e realizou 110 mil cirurgias, a maioria delas de catarata.
No dia 4 de setembro, 141 pacientes foram operados na sede da ordem dos capuchinhos, em Macapá. Desse total, 104 começaram a se queixar dias depois da operação.
O caso segue sendo acompanhado pela 1ª Promotoria de Defesa da Saúde do MP-AP.
Atendimento no “Programa Mais Visão”, nos Capuchinhos, em Macapá
Arquivo/GEA
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