A CNN obteve acesso ao boletim de ocorrência da execução do ex-delegado da Polícia Civil, Ruy Ferraz Fontes, ocorrida na noite de segunda-feira (15), na cidade de Praia Grande, litoral de São Paulo.
O registro policial traz novos detalhes sobre o crime, como os disparos de fuzil, a presença de seis suspeitos no caso e o fato dos carros usados na ação serem roubados.
Cinco pontos para entender execução de ex-delegado da Polícia Civil
Testemunhas da execução
Ruy Ferraz Fontes foi perseguido e assassinado após colidir com dois ônibus. Os criminosos teriam o seguido por cerca de quatro minutos, aproximadamente 900 metros, e atiraram com fuzis mais de 20 vezes contra o carro do ex-delegado. Após a colisão, o veículo de Ruy capotou e os homens o executaram.
Os motoristas dos ônibus contaram à polícia que dirigiam pela Avenida Marginal sentido Canto do Forte, quando em um cruzamento com a Rua 1º de Janeiro, um veículo de passeio bateu e ficou de ponta-cabeça.
Esse era Ruy, em um Fiat Argo, pouco tempo antes de ser morto.
As testemunhas disseram também que, nesse momento, três homens desceram de um carro preto, todos com fuzis, alvejaram o ex-delegado e fugiram. O ex-delegado foi encontrado morto na Av. Dr. Roberto de Almeida Vinhas, em frente a um Mercadão Atacadista.
Suspeitos do caso
Além dos três homens, ainda havia o motorista do veículo. Assim, a polícia tinha a informação sobre quatro pessoas suspeitas do crime.
Enquanto preservavam o local, os policiais receberam a informação de que havia um veículo em chamas na Avenida Casemiro Domcev, no bairro Nova Mirim. No local, uma Hilux, carro usado no crime, foi encontrada incendiada e os patrulheiros vizualizaram dentro do automóvel “parte do que seria uma arma de fogo”.
Porém, foi feito outro chamado aos agentes sobre um Jeep Renegade abandonado, esse na Rua Gilberto Lopes, no Jardim Quietude. Outros dois suspeitos teriam deixado o carro no local e fugido a pé. Próximo do veículo foi encontrado um caregador de fuzil, cápsula deflagrada e carregador de pistola.
Dessa forma, foi registrado no boletim a presença de seis suspeitos no caso.
Carros roubados e apreensões
As investigações constataram ainda que os carros usados na ação criminosa foram roubados na cidade de São Paulo. Os vestígios encontrados nos locais onde os veículos foram localizados devem passar por perícia específica.
Além disso, foi apreendida a arma do ex-delegado Ruy Ferraz Fontes, que estava em uma bolsa com outros pertences pessoais.
Tiros de fuzil
Segundo o delegado-geral da Polícia Civil, Artur Dian, a ação contou com armamento pesado, incluindo carregadores de fuzil e munições, encontrados em um dos veículos abandonados.
“No momento da perícia, constatamos que os tiros foram efetuados com técnicas apuradas. Nenhuma linha de investigação será descartada; vamos trabalhar incansavelmente para capturar os responsáveis”, acrescentou.
Imagens obtidas pela CNN mostram a perseguição de Ruy pelas ruas de Praia Grande. Veja abaixo:
Inimigo do PCC
O ex-delegado Ruy Ferraz Fontes tinha mais de 40 anos de carreira na Polícia Civil de São Paulo, da qual estava licenciado.
Ao longo de sua trajetória, ele ocupou alguns dos principais cargos da corporação: foi delegado-geral de Polícia, diretor do Departamento de Polícia Judiciária da Capital (Decap) e atuou em unidades estratégicas como o Deic, Denarc e DHPP.
Ganhou notoriedade por enfrentar a facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC), sendo considerado um dos principais inimigos da organização.
Em 2006, ele foi o responsável por indiciar toda a cúpula da facção, inclusive Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola, antes de os bandidos serem isolados na penitenciária 2 de presidente Venceslau.
Por conta de sua atuação, o ex-delegado era jurado de morte pela facção.
Operação para prender suspeitos
O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, afirmou que os responsáveis pelo crime serão exemplarmente punidos com todo o rigor da lei.
Foi montada uma força-tarefa para identificar e prender os criminosos, com prioridade definida pelo governador. Mais de 100 policiais da Rota, Garra e Gaeco foram mobilizados para Praia Grande.
As investigações seguirão com o apoio do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco).